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99 anos do incêndio que marcou a moda de NYC

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Um pouco de história…

O dia 25 de Março é simbólico para os trabalhadores das fabricas de roupas em Nova York, mesmo que eles não saibam disso. No dia 25 de março de 1911, 146 pessoas morreram – todas imigrantes e a maioria mulheres jovens – por causa de um incêndio que atingiu os últimos andares do Asch Building, prédio que fica na esquina das ruas Washington Place e Greene Street e onde funcionava a Triangle Shirtwaist Company, uma empresa que explorava a mão-de-obra imigrante na fabricação de camisas (shirtwaist).

Aí você pode se perguntar: o que um blog de moda tem a ver com isso? Muito simples: sabe aquelas barganhas da Forever 21, Topshop ou H&M que têm na etiqueta Made in China, Made in Bangladesh ou Made-in-qualquer-outro-país-de-terceiro-mundo? Essa roupa superbaratinha é feita com mão-de-obra muito parecida com a do Triangle Shirtwaist Company, quase 100 anos atrás: os trabalhadores seguem uma rotina exaustiva de metas de produção, trabalham em condições precárias, são mal-remunerados e devem achar que direito trabalhista é poder ir ao banheiro duas vezes ao dia durante a jornada de trabalho.

Voltando a 1911…

Era tarde de sábado quando o fogo começou no 8º andar. Os bombeiros até que conseguiram chegar logo, mas tanto a escada de resgate quanto a força da água não passavam do 7º andar. Os elevadores quebraram logo no início do incêndio e, desesparadas, as pessoas começaram a pular do prédio, morrendo ao chegar ao chão. Ao todo, 46 pessoas morreram por causa do fogo e outras 100 por causa da queda. Os sócios da fábrica e o resto do total de 500 funcionários conseguiram escapar pelo telhado.

Pós-incêndio

Os trabalhadores que sobreviveram ao incêndio disseram que não conseguiram abrir a porta que dava para as escadas porque elas estavam trancadas por fora. Isso era situação freqüente, pois os patrões tinham a desculpa de controlar o horário de entrada e saída dos funcionários e evitar furtos. Esse não era o único desrespeito na época: a jornada passava das 10h diariamente e os funcionários tinham de trabalhar de domingo a domingo, sem descanso e sob a ameaça de serem facilmente substituídos. Tudo isso para produzir mais e mais roupas, afinal, era um negócio lucrativo.

A morte das 146 pessoas e a fotografia dos corpos na primeira página dos jornais comoveu a opinião pública e despertou a atenção para a necessidade de leis que regulamentassem o trabalho e as condições físicas das fábricas. Os dias que se seguiram ao incêndio foram marcados por protestos e uma das entidades à frente da luta por melhores condições de trabalho era a Ladies’ Waist and Dress Makers’ Union. Mulheres ligadas à produção de roupas iriam deixar sua marca no sistema trabalhista nacional…

Após os protestos, o governador de Nova York na época, Frances Perkins, criou o Factory Investigating Commission. Em um período de 5 anos, a comissão foi responsável por leis que regulavam a segurança nas fábricas e que mudaram o modo de produção.

Foi por causa das novas leis de segurança aprovadas nos anos seguintes ao incêndio (e também porque NYC crescia “para cima” da ilha) que as fábricas começaram a se mudar e/ou se instalar em prédios novos na região de Midtown, mais precisamente no Garment District. O Fashion Center conta que o Garment começou a se consolidar como bairro “de confecção” em meados de 1919. O incêndio foi em 1911.

Durante o encontro com o guia turístico Mike Kaback, ele contou que – atualmente – a maioria das fábricas de roupas que exisitiam no Garment District já saíram do bairro e passaram a usar a mão-de-obra barata de países como China, Bangladesh, Vietnã e qualquer outro de terceiro mundo com leis trabalhistas capengas. A mudança foi tão grande que Mike conta ter dificuldades hoje em dia de encontrar uma fábrica grande o suficiente para onde possa levar os seus grupos de walking tour.

Atualmente, o prédio onde ficava a fábrica incendiada pertence à NYU e virou patrimônio histórico nacional. Se você se interessa por história da moda, principalmente a de NYC, é simbólico dar uma passada no local por mais que a temporada em NYC seja curta. O prédio fica em Downtown, tem placa de identicação e a esquina é ponto de homenagem a trabalhadores que até hoje morrem devido às condições precárias de trabalho.

No dia em que passei por lá, no começo de abril de 2010, havia velas, flores e o nome de 25 trabalhadores que morreram em Bangladesh no dia 25 de fevereiro. A lista não dava detalhes sobre o que causou a morte, mas servia para mostrar que o 25 de março de 1911 não está tão distante assim.

Homenagem

Anualmente, as vítimas do incêndio são homenageadas pelo Triangle Fire Remembrance Coalition, entidade engajada socialmente pelos direitos trabalhistas e pela memória do desastre. Em 2010, a homenagem aconteceu no teatro do Judson Memorial Church, que fica a poucos metros de onde era a fábrica. O evento é aberto ao público e é emocionante (de verdade). Se você estiver em NYC em 25 de março de 2011 e tiver interesse pela história da moda nova-iorquina vale incluir a homenagem no roteiro, pois será o 100º aniversário.

O hotsite criado pelo Kheel Center for Labor-Management Documentation and Archives da Cornell University/ILR School foi uma das principais fontes deste post. Segundo eles, pesquisa realizada pelo U.S. Department of Labor descobriu que 67% das fábricas de roupas de Los Angeles e 63% das de Nova York ainda violam as leis de idade mínima e horas de trabalho.

Fontes consultadas para este post:
Fatos históricos do 25 de Março no History Chanel (tem vídeo)
Triangle Fire Remembrance Coalition
Triangle Fire Online Exhibit, desenvolvido pela Cornell University/ILR School
O incêndio virou obra de arte, exposta no Museum of the City of New York

Passeio guiado pelo Fashion District de NYC

Um dos primeiros bairros que estudiosos e entusiastas de moda passando dias (ou meses) em Nova York gravam na memória é o Garment District, em Midtown. Também conhecido como Fashion District, o bairro é formado pela área entre a 5ª e a 9ª avenidas e entre as ruas 34th e 42th. O nome já explica muita coisa: o Fashion District se destaca dos outros bairros de Manhattan por concentrar lojas e/ou ateliês de famosos designers americanos, como Donna Karan e Calvin Klein, e por, hitoricamente, ter sido a primeira região a se “especializar” em moda, lá pela década de 1920. Passear por conta própria pelo bairro já vale uma tarde inteira, mas se você puder desfrutar de um guia turístico, a visita pode ser altamente informativa.

Foi procurando por um passeio guiado, também conhecido como “walking tour”, que descobri o Mike’s NYC Tours. Mike é o nome do guia, que topou me encontrar para um almoço no Fashion District e me contar detalhes sobre o passeio, que acontece em dias pré-estabelecidos e que dura entre 2 horas e 2h30.

Mike é new yorker. Ele nasceu e cresceu na cidade, morou em diferentes bairros da ilha e tem uma relação de mais de 35 anos com o Garment District. Descendente de imigrantes poloneses, os avós de Mike trabalharam no ramo (que a gente chama de confecção) e hoje ele é o único guia licenciado que encontrei que faz a visita guiada pelo bairro. O “walking tour” de Mike é o único indicado pelo Fashion Center, entidade que é tipo uma “prefeitura” do Fashion Disctrict.

Abrindo um parêntese importante: não vale confundir o walking tour com shopping tour. Esse das compras tem de rodo em Manhattan, mas se resume praticamente a uma pessoa levando você nas lojas onde ela consegue descontos (e comissão, óbvio).

O passeio guiado de Mike pelo bairro da moda é o “Fashion District History Walking Tour”. Durante a caminhada, o guia detalha a estrutura do Garment District, conta a história do bairro, o motivo que levou as empresas ligadas ao vestuário a se mudarem para a região (Midtown) e por que os prédios do Garment são arquitetônicamente bem diferentes dos da 5ª Avenida, por exemplo. Se o grupo quiser, também dá para visitar um ateliê + fábrica, além de showrooms onde dá até para fazer comprinhas.

A programação tem ainda uma parada na “Fashion Walk of Fame” e no Mood Fabrics, a loja de aviamentos onde o pessoal do Project Runway faz as suas compras no reality show. Mike sugere encerrar o passeio com uma visita no Museu do Fashion Institute of Technology, onde ele se despede dos guiados.

Isso tudo Mike contou durante o nosso almoço, já que ainda não tive a oportunidade de participar do walking tour pelo Garment por conta de datas. É aí que está o problema: ele não costuma agendar visitas abertas ao público com muita frequência. A próxima será no dia 16 de abril, uma sexta-feira, e ele não tem ideia de quando fará outra. Pelo menos o preço é amigo: 20 dólares por pessoa.

Esse é o preço das visitas abertas ao público, maaaaasss o que Mike faz na verdade é estabelecer um preço por walking tour. Ele contou que cobra US$ 350 pelo passeio completo, não importa se são 2, 5 ou 11 pessoas. Se o seu orçamento permite, dá até para ter um walking tour particular ou dividir com um amigo. Pra ele não importa, contanto que os US$ 350 estejam lá. Mike trabalha assim porque não há muita demanda do público em geral. A maioria dos guiados é formada por alunos de algum curso ligado a moda de NYC e de outros estados dos EUA.

Para acompanhar novas datas ou outros passeios guiados de Mike por Manhattam, é só acompanhar o site dele clicando aqui.

Serviço:
Mike’s NYC Tours
Próximo passeio agendado pelo Garment: 16 de abril, às 10h
Preço: US$ 20 por pessoa
Outras infos e RSVP pelo email  MikesNYCTours@yahoo.com ou pelo tel (212) 947-5500.

Museu do Fashion Institute of Technology (FIT)

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O museu do Fashion Institute of Technology, em Nova York, se apresenta como integrante de um seleto grupo de museus com acervo dedicado exclusivamente à moda. Entre essas instituições estão o Musée de la Mode, em Paris; o Mode Museum, na Antuérpia (Bélgica); e o Museo de la Moda, em Santiago.  São Paulo bem que podia ter um com peças, por exemplo, de Herchcovitch, Neon e Glória Coelho, né?

Mas voltando a Nova York, o acervo do museu do FIT conta com 50 mil peças, entre roupas e acessórios, mas não é possível ver tudo isso durante uma visita. Essas peças ficam guardadas e só são mostradas ao público em exposições temáticas e temporárias e que podem misturar peças do acervo com outras emprestadas. Tem desde Azzedine Alaïa a Cristóbal Balenciaga, passando por Gabrielle “Coco” Chanel, Christian Dior, Halston, Charles James, Norman Norell, Paul Poiret, Yves Saint Laurent e Vivienne Westwood. Há ainda 4 mil pares de sapatos, entre eles, peças de Manolo Blahnik, Ferragamo, Perugia e Roger Vivier.

O museu fica no conjunto de prédios que formam o FIT e conta com três galerias. Cada uma delas abriga um segmento de exposição. É assim: a The Fashion and Textile History Gallery é ocupada apenas por roupas e acessórios que contem algo sobre o desenrolar da história da moda. As peças em exposição são substituídas a cada seis meses, em média, mas o tema da exposição sempre tem que abranger 250 anos de história da moda.

A Gallery FIT é dedicada a exibições montadas pelos estudantes do instituto. Pode ser exposição sobre roupas que eles criaram ou sobre pesquisa histórica sobre uma marca de sapato ou um estilista, por exemplo. Todo anos, em meados de maio, entra em exibição o trabalho de graduação dos estudantes do curso de Art e Design. É a chance de conhecer estilistas saídos do forno de uma das escolas de design mais respeitadas no mundo.

Há ainda uma terceira galeria, que fica no subsolo e é preciso perguntar aos seguranças como faz pra chegar lá. O melhor de tudo? O museu tem um site de visita virtual incrível onde você pode conferir fotos de 350 peças, com extensa descrição, além de biografias de vários estilistas.

Exposições atuais

Hoje, o museu do FIT tem três ótimas exposições em cartaz: “Night & Day”, “American Beauty: Aesthetics and Innovation in Fashion” e “Scandal Sandals & Lady Slippers: A History of Delman Shoes”.

A exposição “Night & Day” mostra as mudanças nas regras que ditavam as roupas apropriadas para as mulheres vestirem durante o dia ou à noite ao longo dos últimos 250 anos. São mais de 100 peças expostas, entre roupas, tecidos e acessórios, que servem para ilustrar as convenções sociais durante vários períodos.

O que aprendi na exposição? Que existiu uma época – início dos anos 1900 – em que as mulheres deveriam usar roupas de manga comprida e gola alta durante o dia e mangas médias e pescoço de fora durante a noite. O que fez me lembrar que, hoje em dia, o dress code é tão obsoleto que a regra que restringia o uso de brilho somente à noite está começando a ser ignorada. É a evolução da sociedade através do seu modo de se vestir. Quem sabe um dia homens de negócios nao serão obrigados a usar terno e gravata em cidades como Rio de Janeiro e Recife…

A exposição vai até o dia 11 de maio. Quer ler uma descrição mais detalhada da “Night & Day”? Clica aqui.

A exposição “American Beauty” é incrivelmente linda. A disposição das roupas, das cores, dos manequins, a iluminação… É tudo lindo de ver de longe ou de pertinho, quase disparando o alarme do museu de tão perto que você quer chegar da roupa. A mostra usa 75 looks de 31 fashion designers americanos para contar como a “filosofia da beleza” se alia ao trabalho artesanal do dressmaking. Resumindo: as peças são um exemplo de trabalhos de estilistas que transformaram uma roupa em verdadeira obra de arte, seja pela beleza, pela geometria (ou formato?), pela inventividade ou pelo contexto histórico.

A exposição “American Beauty” é a menina-dos-olhos do museu do FIT. Quem não puder fazer uma visita antes que a mostra seja encerrada pode conferir a visita virtual, que é super informativa e tem várias fotos. A exposição vai até o dia 10 de abril.

Por último, mas não menos interessante, vem a exposição sobre os sapatos da marca Delman. A mostra é resultado de uma atividade curricular dos alunos do curso de graduação em “Fashion and Textiles Studies: History, Theory, Museum Practice”. Em cartaz, cerca de 50 sapatos de uma das marcas de sapatos mais antigas e tradicionais dos EUA, além de um pouco da história de Herman Delman, que fundou a marca de 1919, logo depois de volta da guerra.

Os Delman Shoes se destacam pela beleza e refinamento e costumam aparecer nos pés de muitas famosas. Começou com Jacqueline Kennedy, Marilyn Monroe e Marlene Dietrich, e hoje está nos pés de atrizes como Anne Hathaway, Blake Lively e Leighton Meester. A rainha Elizabeth II também usou um Delman na sua coroação, em 1953.

O que achei mas legal na exposição? Descobrir que, nos anos 1930, Delman se viu louco e teve insônia (de verdade) porque as mulheres inventaram de pintar as unhas dos pés e deixá-las à mostra, o que as levou a preferir sapatos ou sandálias com a ponta aberta. Eram as consumidoras determinando o que um designer deveria criar, e Delman teve de se adaptar a elas.

A exposição sobre os sapatos Delman vai até o dia 4 de abril. Mais informações sobre a mostra aqui ou clica aqui para visita virtual.

Serviço:
7th Avenue com 27th St, New York, NY. Tel.: (212) 217-4530
A entrada é gratuita. As exposições geralmente duram meses e também há visitas guiadas que precisam de inscrição antecipada, pois se esgotam rapidamente.

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Fashion Trends na Parsons

Parsons New School for Design

A praça e o comércio

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A Union Square é um dos principais pontos de comércio, de movimentação de pessoas e de manifestações políticas e culturais de Nova York. A praça fica em Downtown e dá nome a uma das principais estações de metrô da cidade, onde param 8 das 24 linhas existentes.

A praça é um dos melhores lugares para se ir às compras na cidade, desde que na lista não conste glamour como o da 5ª Avenida. É na Union Square que você vai encontrar nova-ioquinos e turistas consumindo desde roupas e sapatos a livros, eletrônicos, vinho, remédio para cachorro e comida pronta ou para abastecer a dispensa.

Em uma contagem muito chinfrim, cheguei a mais de 20 lojas somente de frente para a Union Square. Há ainda as trocentas outras lojas que ficam muito próximas, mas não de cara com a praça. Unidades da Parsons New School for Design também ficam lá pertinho.

Entre as opções de compras, a mais farta é a de roupas e sapatos. Há Forever 21, DSW (multimarca pechincha de bolsas e sapatos), Strawberry (roupas baratas), Shoe Mania (sapataria basicona), American Eagle Outfitters, Diesel, Filene’s (outra multimarca pechincha) e Rothmans (moda masculina).

Isso não é nem metade das opções de compras da Union Square. O local tem ainda uma Best Buy (eletrônicos), a livraria Barnes & Noble, uma Sephora, as lojas de artigos para crianças The Children Place e Babies “R” Us, o prédio da New York Film Academy, a loja de bebidas Wines & Liquors, a pet shop gigante Petco Supllies e o Walgreens (um supermercado que vende de tudo, menos arroz e feijão).

Para matar a fome, a Union Square tem a Au bon pain (muffins e cookies deliciosos), o Whole Foods Market (a Meca dos orgânicos), Starbucks (banheiro grátis), a cervejaria artesanal Heartland Brewery e uma feira orgânica.

O que faltou dizer sobre a Union Square é que ela não é fashion e ninguém vai para lá para ver a moda de Nova York. Mas a praça é ótima para dar uma volta, observar pombos e esquilos disputando comida, sentar-se nos banquinhos e fazer um lanchinho ao ar livre. Aos domingos, há feira de artes e crianças brincando no parquinho.

Ladies Mile (ou um pouco de história)

A Union Square tem o seu passado muito ligado à moda e ao nascimento do comércio de luxo nova-iorquino, e foi muito frequentada pela elite de Nova York durante o século 19 e início do século 20, quando a região a oeste e acima da praça era um distrito histórico conhecido como Ladies Mile.  De acordo com o New York City Landmark Preservation Commission, a região compreendia o quadrado entre a 15th street, a Park Avenue, a 24th street e um pouco mais à esquerda da Avenue of the Americas (um mapinha da área aqui). Já o Museum of the City of New York conta que a inauguração da loja de departamento Wanamaker’s na 9th street, em 1862, aumentou a área que se compreendia como Ladies Mile.

Segundo o The New York Preservation Archive Project, a Ladies Mile era onde as mulheres aliavam as compras ao lazer. O distrito era formado por prédios, restaurantes e lojas opulentos e, de tão popular, tornou-se o lugar onde as mulheres puderam circular desacompanhadas dos homens pela primeira vez na história local. Em um prédio na esquina da 15th street com a Union Square já funcionou a Tiffany & Co, muito antes de Audrey Hepburn existir.

Union Square em 1903; foto do Museum of the City of New York

A decadência do primeiro distrito fashionista de Nova York começou na transição da primeira para a segunda metade dos anos 1900, quando a vida social começou a se mover para cima da ilha e por causa da Grande Depressão (O crash de 1929). Na segunda metade do século 20, a região ficou decadente de vez, mas se recuperou no final dos anos 80, quando foi revitalizada e ganhou novas lojas.

Quer pagar quanto?

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Wrap dresses à venda no site de Diane von Furstenberg em 20/02/10

Pouquíssimos estilistas têm a invenção de uma peça de roupa para chamar de sua. A designer belga naturalizada norte-americana Diane von Furstenberg (DVF) é um desses casos. Foi ela quem teve a ideia de criar – em meados de 1970 – o wrap dress, ou vestido envelope, peça que era perfeita para as mulheres que estavam se estabelecendo no mercado de trabalho. Na época, a peça custava cerca de US$ 50 e DVF era uma estilista na média; rica e da high society, porém ainda sem todo o reconhecimento atual.

O vestido era tudo o que as mulheres precisavam: prático sem deixar de ser feminino, era feito de algodão e com amarração na cintura. Em novembro de 1976, DVF foi capa da revista Newsweek. Na edição, a estilista era considera um novo ícone da liberação feminina e o designer mais “marketable” desde Coco Chanel. O wrap dress virou a marca registrada de Diane von Furstenberg e fez ela entrar para a história da moda, do vestuário ou do feminismo, o que você escolher.

Aí, você – que já sabe toda essa história ou conheceu a estilista em algum episódio de The City – está em NYC e quer investir seus dólares em uma única peça de design grifadíssimo, desde que o estilista tenha a cara de Nova York. É melhor uma única pela sensacional do que várias pecinhas meia-boca, certo? Logo vem o wrap dress de Diane Von Furstenberg na cabeça. Mas sabe quanto ele custa hoje em dia, agora que DVF é top, desfila na NYFW e já chegou a vender coleção completa em duas horas?  Prepare a carteira para pagar uns US$ 300…

Foto de DVF na página de biografia da estilista

Lembra que falei no início que custava US$ 50? Quem contou foi o professor de Fashion Trends, Patrick Hughes . Em uma das aulas, ele comentou que a mãe dele foi uma das adeptas do wrap dress lá nos anos 70, justamente por causa da praticidade já que ela se divida entre trabalho, filho e tarefas domésticas.

Hoje em dia, não dá para encontrar o wrap dress de DVF por US$ 50. Mas, ao pagar cerca de US$ 300 por um, lembre-se que você está pagando também pela história da peça e pela fama que se fez em cima de um vestido que foi criado para ser usado durante o trabalho…

Quer saber mais sobre DVF? Clique aqui ou aqui. O wrap dress também está no livro “Fifty Dresses That Changed the World“, ainda sem versão em português. Vale a pena lê-lo e tê-lo na biblioteca.

Serviço:
Diane Von Furstenberg
Endereço: 440 West, 14th Street, New York, New York, 10014
Telefone: 212-741-6607