FashioNYC está de casa nova!!!!!!

O FashioNYC está muito chique e agora tem domínio próprio: www.fashionyc.com. Clica aqui que a partir de hoje os posts só vão entrar lá!

Layout bonitão e com a cara de Nova York

No processo de migração, alguns comentários foram perdidos. Tirando isso, tudo que está aqui, está lá também.

Com o tempo, o fashionyc.wordpress.com será desativado. Mas é só atualizar readers, favoritos e essas outras coisas tecnológicas que eu prometo continuar postando o que há de mais interessante na moda de Nova York.

Te vejo lá!

Livro sobre moda praia sem ser livro de moda

Separe o guarda-sol, o protetor solar e US$ 35. Esse é o preço do novo livro de Joseph Szabo, “Jones Beach”, que será lançado nesta sexta-feira (23 de abril) no International Center of Photography, em NYC. A obra reúne fotografias tiradas nos últimos 25 anos em que, no centro das atenções, estão as pessoas que freqüentam a Jones Beach, praia localizada na “região metropolitana” de Nova York.

Joseph “Joe” Szabo é mais conhecido por suas fotografias de adolescentes e pelos livros sobre eles. Pra quem curte moda e fotografia, “Jones Beach” faz sentido se for lido mais como um retrato comportamental da moda praia nova-iorquina (e região metropolitana) do que como um catálogo de tendências.

Digo isso porque quem faz pesquisa de moda (em busca de inspiração) costuma prestar atenção ao povo nas ruas, ir a lojas de tecidos e até fazer cursos sobre como detectar tendências. Particularmente, acho inspirador revirar livros de fotografia, que não precisam ser necessariamente sobre moda, pois eles conseguem mostrar a moda do dia-a-dia, em vez daquela que a gente vê na Vogue e que está longe da vida real.

É nessa categoria que entra o “Jones Beach”, ainda mais porque ele traz algo impensável para Nova York: a moda praia…

No site de Joe Szabo dá para conferir algumas das fotografias dele que já foram publicadas em livros e também dá pra ver outras de “Jones Beach”, mas só as antigonas. O livro custa US$ 35 no evento, mas tá por US$ 23 na Amazon. A livraria do ICP, no entanto, é um deleite para quem curte fotografia (e moda) e vale uma visita, como ja comentei neste post aqui.

Serviço:
International Center of Photography
Endereço: 1133 Avenue of the Americas (perto da 43rd Street). Tel: (212) 857.0000. A noite de autografos vai das 18h às 19h30.

PS: as fotos aí de cima são de Joe Szabo. E, claro, fica a dica de passeio pela “grande”  Nova York.

Fashion Design Books

Dentro da série de posts sobre indicações de livrarias onde comprar óbvio livros de moda, não poderia deixar de indicar a Fashion Design Books. A livraria fica bem no meio do campus do Fashion Institute of Technology e tem uma variedade de material tão grande que acaba atraindo estudantes de moda/arquitetura/artesplásticas/etc de várias instituições de Nova York.

Pra quem está montando uma biblioteca de moda, a livraria tem títulos que provavelmente você nunca ouviu falar, principalmente aqueles voltados para desenho/design. O preço não é dos mais atraentes, por isso, se você não tem pressa, vale pesquisar em sites como Amazon, Barnes & Noble ou Strand Bookstore.

Caso precise do tal livro logo e não o encontre mais barato na internet, uma dica: leve-o pra casa na hora porque alguns títulos podem acabar em questão de dias, caso seja exigido por algum professor do FIT. No campus também há uma Barnes & Noble, mas eu não compro mais na loja física depois de descobrir que no site é bem mais barato.

Materiais diversos

Nem só de livros vive a Fashion Design Books. Pra falar a verdade, acho que mais da metade do que é vendido na livraria diz respeito a material de desenho e/ou costura. Tintas, telas, pinceis, lápis, aquarelas, linhas/barbantes, colas, boards, canetas, manequins, jornais e revistas de moda ou “do it yourself”, tesouras e retalhos de tecido são alguns dos produtos à venda no local.

Creio que por estar no meio do campus do FIT, a livraria não tenha os preços mais baixos. Maaaas, no quesito variedade, a Fashion Design Books é uma perdição. A loja também compra livros usados e os revende por um preço mais baixo, mas eles não são tão fáceis de encontrar por lá. Também dá para fazer compras pela internet, só não testei se entregam no Brasil.

Serviço:
Fashion Design Books
Endereço: 250 West 27th Street, New York. Tel: (212) 633-9646

Feirona vintage em Manhattan


O Mahattan Vintage Clothing Show divulgou a data da próxima edição: 23 e 24 de abril de 2010. Eu já falei sobre esse evento aqui, em um dos primeiros posts do FashioNYC.

A “feirona” aparece de novo no blog porque é muito prática e acontece, no mínimo, duas vezes por ano. São cerca de 80 expositores de peças vintage, que descarregam no evento roupas, chapéus, sapatos, pôsteres, bolsas, revistas, joias e por aí vai. A variedade de grifes encontradas por lá também é grande: tem Prada, Chanel, Pucci, YSL, D&G, entre outras.

A praticidade está em encontrar vários expositores diferentes reunidos em um mesmo espaço, poder comparar preços e até negociar diretamente com o dono. O espaço tem provador, pra quando não dá para vestir a roupa por cima, e a maioria dos expositores aceita cartão de crédito porque há peças que podem passar dos US$ 500. Coisa fina.

Mas também não faltam opções baratinhas, principalmente nos acessórios. Na última vez, comprei um blazer de veludo preto por US$ 20. Não era de grife, mas pelo acabamento e caimento dava pra percerber que foi feito no capricho. Mas fique de olho na qualidade dos produtos (encontrei alguns danificados) e vá consciente de que nem tudo que está lá é vintage propriamente dito. Tem um monte de brechó que leva qualquer coisa…

Tem pouco tempo? Concentre sua visita nos estandes das principais lojas vintage de Nova York, como Divine Finds, What Goes Around Comes Around e A Second Chance (tem um moooonte de Chanel). Lista de expositores aqui.

A parte ruim é que o Mahattan Vintage Clothing Show cobra US$ 20 de entrada, que dá “direito” a ir nos dois dias. Entrando no site do evento, dá pra imprimir um cupom e ganhar US$ 5 de desconto.

Serviço:
Mahattan Vintage Clothing Show
Metropolitan Pavilion, 125 west 18th Street, entre a 6th e a 7th Avenue
Entrada: US$ 20

Fashion Institute of Technology: a matrícula

O FashioNYC está muito chique e agora tem domínio próprio: www.fashionyc.com. Clica aqui que, desde o dia 26 de abril, os novos posts só entram lá!

Se você está planejando passar uma temporada em Nova York para estudar moda com quem é top no segmento, concentre suas energias em duas instituições: a Parsons New School for Design e o Fashion Institute of Technology (FIT), ambas em Manhattan. As duas são referência em escola de moda dos EUA pela infra-estrutura, corpo docente e formação de novos designers.

Da Parsons, eu já falei aqui e aqui. Agora é a vez de falar um pouco sobre como funciona o processo de matrícula no FIT (lê-se: efe-ai-ti).  O nome é uma referência ao Massachusetts Institute of Technology, ou MIT, o maior centro de estudo de tecnologia do mundo e que fica na “grande” Boston.

Primeiro, você precisa saber que o FIT é uma universidade especializada em design, moda, arte, comunicação e business. Mas dá pra estudar nela sem passar pelo complicado processo de seleção ou “vestibular” dos EUA. É aí que entra o Continuing and Professional Studies, o “setor” do FIT que oferece cursos com direito a “credit certificates”, “non-credit certificates” ou apenas non-credit courses (algo como uma disciplina ou cadeira de faculdade). O que muita gente faz é se matricular em cursos non-credit sem necessariamente estar em busca de um certificado, e esse era o meu caso. O processo de matrícula é menos burocrático, não é preciso ter vínculo com a universidade, eles não pedem qualquer documento e nem perguntam se você é fluente em inglês ou não. Também não precisa se preocupar com o tipo de visto, pois eles só pedem o número do cartão de crédito.

Se o seu objetivo é ter o certificado e se profissionalizar em alguma das áreas oferecidas, é preciso completar – em até dois anos – a lista de todos os cursos exigidos. Cada área tem a sua lista, seja Color Specialist, Image Consulting ou Fashion Styling.

Período de matrículas

O FIT acabou de abrir o período de matrículas para a temporada Summer 2010 e marcou para 10 de maio o início das matrículas da temporada Fall 2010. Matrículas abertas significam que a lista de cursos oferecidos já está consolidada, inclusive com datas de início e de término.

Se você planeja vir para Nova York daqui a um ano, por exemplo, já vale ir dando uma olhada na lista de cursos oferecidos porque ela praticamente não muda. Há opções nas diversas áresa de moda, seja criação, produção e até administração.

Mas se esse é o período em que você pretende se matricular, seja ágil. As turmas de non-credit courses do FIT geralmente têm 16 vagas e lotam rapidinho. Quanto mais famosinho – e competente – o professor, mais rápido a turma lota.

A matrícula

Eu já tinha comentado no post sobre a Parsons que eu não me conformava com o processo de matrícula do FIT: ou fax ou pessoalmente, o que complica tudo quando você está fora dos EUA e só pretende chegar às vésperas do início das aulas. Pra completar, eles adiantam que não avisam se sua matrícula foi efetivada.

O FIT diz que vai entrar em contato caso tenha alguma dúvida ou encontre algum problema na sua ficha de inscrição. Após a minha experiência, creio que eles só fazem isso com quem mora nos EUA. Explico: a minha ficha de inscrição na primeira tentativa de matrícula estava errada, e eles não ligaram nem mandaram e-mail avisando.

Como saber se está matriculado então? Se você fez tudo pessoalmente, a pessoa que te atendeu vai imprimir a sua grade de cursos. Se foi por fax, você vai ter que checar com o seu cartão de crédito para ver se o curso foi debitado. Isso pode levar de três a cinco dias, mais ou menos.

No meu caso, depois de ligar 15 dias seguidos para a operadora de cartão de crédito, resolvi ligar para o FIT. Só assim descobri que a minha matrícula não tinha sido feita porque fiz confusão ao tentar me matricular em curso que tem pré-requisito.

A lógica do pré-requisito é a mesma das universidades brasileiras, e alguns non-credit courses do FIT exigem que você tenha completado outros para cursá-los. Vou dar um exemplo: Introduction to Image Consulting tem “níveis” I, II e III. Por mais que você vá fazer os três, preencha apenas o I na ficha. Quando terminar de cursar o I, você procura o departamento de matrículas pra se registrar no II, e assim por diante.

Enfim, é preciso prestar atenção para não por o carro na frente dos bois. Cursos que têm pré-requisito não lotam tão rápido assim.

Duração e preço

A lista de opções de non-credit courses é imensa e o preço é diretamente proporcional à quantidade de horas/aula. Há cursos com duas, quatro ou seis aulas (uma por semana, geralmente). Por isso, é possível fazer um curso aleatório durante o seu mês de férias, e nem precisa se programar pra passar meses em Nova York.

O curso Introduction to Image Consulting, por exemplo, tem opção de 6 aulas (das 9h30 às 12h30) ou um imprensado de 3 aulas (das 9h30 às 16h30). Ou seja, dá pra fazer em três semanas!

Se o seu objetivo é conseguir o non-credit certificate, a história é outra porque são vááários cursos a cumprir. O período máximo é de dois anos, mas é possível completar em 9 meses, se você for bem objetivo e disciplinado.

Quanto aos preços, eles variam, mas dificilmente passam de US$ 350 por curso. Os de Introduction to Image Consulting, por exemplo, custam de US$ 290 a US$ 310. Mas há cursos bem mais baratos, como Finance for Fashionista, por US$ 140, por duas aulas de 3h.

Cursos on-line

Essa é uma boa notícia pra quem não pode passar meses em Nova York. Os cursos on-line são geralmente mais baratos que os cursos presenciais (que eles chamam de outline) e abrangem o mesmo conteúdo. Óbvio que não é a mesma coisa, principalmente nessa área de moda, onde há muita subjetividade, mas pelo que percebi, é feito no capricho e há grande preocupação da universidade com a qualidade.

Os cursos on-line seguem regras parecidas com a das aulas presenciais: eles têm hora marcada pra acontecer (todo mundo no computador ao mesmo tempo), há tarefas a cumprir na hora e outras para entregar depois.

Não são todos os cursos que têm versão online, mas o Summer 2010 tem mais opções que o Spring 2010. Pelo menos a matrícula pode ser feita online.

Dicas aleatórias

Você só pode se matricular em, no máximo, 5 non-credit courses de uma vez. A justificativa do FIT é que muita gente estava se matriculando em 3985784569567 cursos ao mesmo tempo, não dava conta da demanda e acabava abandonando na metade ou fazendo de qualquer jeito.

Diferentemente da Parsons, o FIT não manda nenhuma carteirinha ou documento de acesso ao prédio. No primeiro dia de qualquer aula, o professor vai entregar uma carteira provisória e dar as coordenadas para você adquirir a carteira oficial, com foto e tudo. Você só tem direito a essa ID se estiver matriculado em mais de 1 non-credit course.

Fique íntimo do site do FIT. Ele é complicado, os termos acadêmicos podem embaralhar as idéias, mas é só navegar bem muito por ele que você se acha.

Quer ler mais sobre estudar no FIT? Thereza Chammas, do Fashionismo, e Cami, do I am leaving today, já compartilharam a experiência delas nos respectivos blogs e ajudaram a tornar esse post possível.

BK Fashion Week{end} é amadora, mas vale a pena

A proposta era a de ser uma fashion week de três dias, mas o orçamento só deu para um dia de evento. Mesmo assim, o Brooklyn Fashion Week{end} cumpriu o que prometeu: ser um evento onde fashion designers que moram e produzem no Brooklyn possam mostrar as suas criações para o público. A edição Fall/Winter 2010 aconteceu no último domingo, dia 11 de abril, e eu já tinha falando sobre isso neste post aqui.

Se você nunca viu um desfile de moda, morre de vontade de saber como é um, curte observar as pessoas e gostaria de papear com gente da área, o BK Fashion Week{end} é uma ótima oportunidade porque põe ingressos à venda. Nesta última edição, existir lá dentro custava US$ 35.

Ao todo, foram 11 marcas a desfilar, o que acabou tornando o evento cansativo, e um bocado de gente foi embora antes do final. Até que rolava intervalos, com direito a atrações musicais (momento desespero), mas não há como prestar atenção a 11 desfiles em pouco mais de 4 horas. A falta de informação sobre as marcas e os designers que estavam na passarela – inclusive o nome – tornava tudo mais complicado e por isso as roupas estão sem crédito.

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O que se via na passarela era uma mistura de conceitual com comercial, com algumas peças altamente usáveis e outras viajadas demais para o mundo real. Na plateia, não havia Anna Wintour nem celebridades de quem eu já tivesse ouvido falar, mas tinha um povo muuuito estiloso, produzido pra chamar a atenção mesmo.

Muita gente que tava lá nem sabia como funciona o ritual de um desfile: batiam palma só porque a modelo era da família e se levantavam antes do desfile terminar, para desespero dos fotógrafos e cinegrafistas.

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Depois de passar pela SPFW e NYFW, deu pra perceber que o BK Fashion Week{end} é como um universitário em uma joalheria chique querendo comprar um anel para a namorada. Ele gostaria de dar a melhor joia a ela, mas vai ter que se conformar com o que o salário de estagiário pode pagar. Explicando melhor: o BK Fashion Week{end} sabe que é amador e nem chega aos pés de uma NYFW, mas fica feliz com o que pode oferecer e sabe que poderia fazer melhor caso tivesse mais patrocinadores. É nítido que todos estão lá por dedicação à moda e vontade de fazer do Brooklyn uma região tão influente na moda americana quanto Manhattan.

O BK Fashion Week{end} costuma acontecer duas vezes por ano, sempre depois da NYFW.

Posts relacionados:

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Vendem-se ingressos para NYFW

O lado B da fashion week de NYC

Promoção do dia

Por mais que você passe na frente da mesma loja todos os dias enquanto estiver morando ou turistando em Nova York, não deixe de dar uma olhadinha na vitrine ou espiar pra ver se há alguma plaquinha na calçada ou na porta indicando a “promoção do dia”.

É assim: algumas cadeias de lojas como GAP, Banana Republic e Loft (algum dia faço post sobre ela) costumam fazer umas promoções ótimas, como dar 40% de desconto num dia qualquer, sem motivo aparente. Pra isso, essas lojas não esperam troca de coleção nem dão desconto na sobra do estoque, pode ser na coleção nova mesmo, e o desconto é sobre o preço da etiqueta quando você for pagar no caixa.

Teve um dia, por exemplo, que a GAP tava vendendo camisas masculinas e femininas por US$ 10. Como a loja costuma ter 39569870986 tipos de camisa, é preciso perguntar pro vendedor o que tem desconto e o que não tem, porque nada estará marcado em laranja fluorescente na etiqueta. Não precisa nem ter vergonha, os vendedores já estão calejados e, às vezes, podem até já ir te dizendo o que tá na “promoção do dia” sem nem você perguntar.

Se passou na frente, viu o desconto e achou interessante: entre. Esse tipo de promoção pode durar só o expediente do dia, e nem são todas as lojas da mesma rede que entram em promoção relâmpago ao mesmo tempo. Outro exemplo: passando pela frente de uma Victoria’s Secret, vi que 7 produtos da linha de cosméticos saíam por US$ 35. Ao passar por outra, nada de promoção….

Mas também não é o fim do mundo: essas promoções vão e voltam, mas sem periodicidade. Se um dia você perder o desconto de 40%, pode ser que no outro encontre camisetas por US$ 10.

Ah, se as lojas do Brasil aprendessem o que é promoção de verdade…..

99 anos do incêndio que marcou a moda de NYC

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Um pouco de história…

O dia 25 de Março é simbólico para os trabalhadores das fabricas de roupas em Nova York, mesmo que eles não saibam disso. No dia 25 de março de 1911, 146 pessoas morreram – todas imigrantes e a maioria mulheres jovens – por causa de um incêndio que atingiu os últimos andares do Asch Building, prédio que fica na esquina das ruas Washington Place e Greene Street e onde funcionava a Triangle Shirtwaist Company, uma empresa que explorava a mão-de-obra imigrante na fabricação de camisas (shirtwaist).

Aí você pode se perguntar: o que um blog de moda tem a ver com isso? Muito simples: sabe aquelas barganhas da Forever 21, Topshop ou H&M que têm na etiqueta Made in China, Made in Bangladesh ou Made-in-qualquer-outro-país-de-terceiro-mundo? Essa roupa superbaratinha é feita com mão-de-obra muito parecida com a do Triangle Shirtwaist Company, quase 100 anos atrás: os trabalhadores seguem uma rotina exaustiva de metas de produção, trabalham em condições precárias, são mal-remunerados e devem achar que direito trabalhista é poder ir ao banheiro duas vezes ao dia durante a jornada de trabalho.

Voltando a 1911…

Era tarde de sábado quando o fogo começou no 8º andar. Os bombeiros até que conseguiram chegar logo, mas tanto a escada de resgate quanto a força da água não passavam do 7º andar. Os elevadores quebraram logo no início do incêndio e, desesparadas, as pessoas começaram a pular do prédio, morrendo ao chegar ao chão. Ao todo, 46 pessoas morreram por causa do fogo e outras 100 por causa da queda. Os sócios da fábrica e o resto do total de 500 funcionários conseguiram escapar pelo telhado.

Pós-incêndio

Os trabalhadores que sobreviveram ao incêndio disseram que não conseguiram abrir a porta que dava para as escadas porque elas estavam trancadas por fora. Isso era situação freqüente, pois os patrões tinham a desculpa de controlar o horário de entrada e saída dos funcionários e evitar furtos. Esse não era o único desrespeito na época: a jornada passava das 10h diariamente e os funcionários tinham de trabalhar de domingo a domingo, sem descanso e sob a ameaça de serem facilmente substituídos. Tudo isso para produzir mais e mais roupas, afinal, era um negócio lucrativo.

A morte das 146 pessoas e a fotografia dos corpos na primeira página dos jornais comoveu a opinião pública e despertou a atenção para a necessidade de leis que regulamentassem o trabalho e as condições físicas das fábricas. Os dias que se seguiram ao incêndio foram marcados por protestos e uma das entidades à frente da luta por melhores condições de trabalho era a Ladies’ Waist and Dress Makers’ Union. Mulheres ligadas à produção de roupas iriam deixar sua marca no sistema trabalhista nacional…

Após os protestos, o governador de Nova York na época, Frances Perkins, criou o Factory Investigating Commission. Em um período de 5 anos, a comissão foi responsável por leis que regulavam a segurança nas fábricas e que mudaram o modo de produção.

Foi por causa das novas leis de segurança aprovadas nos anos seguintes ao incêndio (e também porque NYC crescia “para cima” da ilha) que as fábricas começaram a se mudar e/ou se instalar em prédios novos na região de Midtown, mais precisamente no Garment District. O Fashion Center conta que o Garment começou a se consolidar como bairro “de confecção” em meados de 1919. O incêndio foi em 1911.

Durante o encontro com o guia turístico Mike Kaback, ele contou que – atualmente – a maioria das fábricas de roupas que exisitiam no Garment District já saíram do bairro e passaram a usar a mão-de-obra barata de países como China, Bangladesh, Vietnã e qualquer outro de terceiro mundo com leis trabalhistas capengas. A mudança foi tão grande que Mike conta ter dificuldades hoje em dia de encontrar uma fábrica grande o suficiente para onde possa levar os seus grupos de walking tour.

Atualmente, o prédio onde ficava a fábrica incendiada pertence à NYU e virou patrimônio histórico nacional. Se você se interessa por história da moda, principalmente a de NYC, é simbólico dar uma passada no local por mais que a temporada em NYC seja curta. O prédio fica em Downtown, tem placa de identicação e a esquina é ponto de homenagem a trabalhadores que até hoje morrem devido às condições precárias de trabalho.

No dia em que passei por lá, no começo de abril de 2010, havia velas, flores e o nome de 25 trabalhadores que morreram em Bangladesh no dia 25 de fevereiro. A lista não dava detalhes sobre o que causou a morte, mas servia para mostrar que o 25 de março de 1911 não está tão distante assim.

Homenagem

Anualmente, as vítimas do incêndio são homenageadas pelo Triangle Fire Remembrance Coalition, entidade engajada socialmente pelos direitos trabalhistas e pela memória do desastre. Em 2010, a homenagem aconteceu no teatro do Judson Memorial Church, que fica a poucos metros de onde era a fábrica. O evento é aberto ao público e é emocionante (de verdade). Se você estiver em NYC em 25 de março de 2011 e tiver interesse pela história da moda nova-iorquina vale incluir a homenagem no roteiro, pois será o 100º aniversário.

O hotsite criado pelo Kheel Center for Labor-Management Documentation and Archives da Cornell University/ILR School foi uma das principais fontes deste post. Segundo eles, pesquisa realizada pelo U.S. Department of Labor descobriu que 67% das fábricas de roupas de Los Angeles e 63% das de Nova York ainda violam as leis de idade mínima e horas de trabalho.

Fontes consultadas para este post:
Fatos históricos do 25 de Março no History Chanel (tem vídeo)
Triangle Fire Remembrance Coalition
Triangle Fire Online Exhibit, desenvolvido pela Cornell University/ILR School
O incêndio virou obra de arte, exposta no Museum of the City of New York